domingo, 9 de janeiro de 2011

Você persiste...

"Change your heart
Look around you
Change your heart
It will astound you
I need your lovin'
Like the sunshine"


Isso é uma tentativa de salvação, porque não há mais pensamento sem você. Estou desarmada de todos os artifícios, nua, exposta em minha natureza mais profunda e me agarrando a esse sentimento que é como quando a gente precisa correr pra fugir de uma tempestade e então a gente corre com o coração. É voraz. E, como eu não sou você, a ausência de sentido que te assusta e que faz do amor esse furacão não me persuade. De nós dois eu sempre fui a mais corajosa. Fui eu quem te mostrou o mundo e falou "Pega, é teu, faz o que quiser com ele". Foi você quem não quis.
Meu problema é, talvez, enxergar com clareza toda a sinceridade da tua recusa, toda a sua dificuldade em aceitar o desconhecido, embora eu ache que você fugiu na primeira fraqueza. Fugiu de si mesmo e pagou com o próprio sofrimento. Irônico não? Isso mostra que só vai encontrar o que procura quando olhar para dentro. Eu jamais quis ser algo de que você precisasse. E, embora eu fosse/seja tua, eu jamais quis que você fosse meu. O que tínhamos era pra você, meu amor.
E havia o torpor e a leveza de estarmos juntos, que é o que mais me dói. Dentro da nossa esfera imperfeita, ignoramos as leis dos métodos e das regras. Eu suspirava e pensava que se aquilo não era amor, então nada mais seria. Existíamos no mundo independente de. Pelo menos era o que eu achava.
Quando foi que tudo se tornou tão bruto? Perdi esse instante que nos levaria ao fim. Cinismo do descompasso que me desavisou. Pra não ser insensata, não sofri, não permiti que uma atitude tua determinasse a minha. Naquele momento eu soube que, se necessário, sobreviveria a uma guerra.
Não me entregarei à espera, mas você persiste. Se o universo quiser, ele se encarregará do nosso encontro.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Caio Fernando Abreu.

- O ridículo é que só no chão você percebe que caiu.

- Não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda.

- Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo.

- Queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras.

- Aos caminhos eu entrego o nosso encontro...

- Repito sempre: sossega, sossega - o amor não é para o teu bico.

- Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana, mas o que eu tinha era seu.

- Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais.

- Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.

- Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim.

- Tenho dias alegres mesmo quietinhos.

- E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida...

- Como seria bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada.

- Eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém.

- Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio. Existe sempre alguma coisa ausente.

01:39h

A gente escuta Bob Dylan pra ir mais fundo nessa coisa de melancolia porque as vezes ser humano dói e é preciso deixar que as lágrimas caiam com honra, sem precisar de nenhuma mão pra secá-las. Eu já estive aqui antes e do pouco que sei sobre meu espelho entendo que as pessoas não estão preparadas para encarar as minhas crises e meus motivos e isso me torna mais íntima da solidão. Acontece que por um segundo eu desmoronei e procurei algo que fizesse sentido, mas esse relance de fragilidade foi esmagador, como o peso daquilo que está sempre ausente e pesa como se existisse. Me falta o ar e os ponteiros do relógio na cozinha são tudo o que eu sei sobre o tempo que marca a espera frustrante de alguém que não vem.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fugacidade.

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar.

Para enfrentar o desapego.

Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece...

Por hora.

As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.



(saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existe.)

Primavera.

É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.

No entanto...

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.Como eles admiravam estarem juntos!Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Verdadeiramente.

E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

domingo, 28 de junho de 2009

Visão, audição, tato, oufato e paladar.

Isso se chama sentir. Essa sensação de ausência de um lado maior pra cair e pra acreditar. Essa queda livre de trapézio sem rede. Na dimensão de um olhar perdido, eu me perco também, fuzilada por amores sem solução e sem nexo que vêm de encontro aos meus sentimentos frios e desinteressados. Hoje eu me entrego aos bons vícios e à vontade de estar no lado certo do coração de alguém. Me jogaria, me exporia, correria de peito aberto e moveria o mundo por um ato de reciprocidade maior. Por uma existência e um motivo maiores que realmente sejam relevantes pra essa minha carência de momento.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Meus protocolos.

Sinto que desabafar pras traças é necessário. Eu me traço insensível, sem dramas, intensa. Me descobri assim: forte o suficiente para tudo e para todos, enfrentando, sendo dura no trato, na sinceridade e no amor. Não me limito, não me importo, me exponho e sou a favor da realidade. Acredito em poucas coisas, me dou à muitas. Vivo de acordo comigo mesma e com os meus protocolos. Vejo que paralelo a essa explosão segue uma carência afetiva insaciável: devo mesmo ser um desconcerto, um descompasso extremo inabitual, um gigante. Só fujo quando me é útil e só permaneço quando me convém. Sou de uma facilidade peculiar, de uma paciência descomunal. Meus vícios são indissolvíveis. Sou a rapidez de um universo inteiro e realmente não me importo em pular fora do barco se necessário. Rejeitada por ser direta e sentimental de dores levemente infelizes. Estar perdida nunca foi um problema. E diante do inevitável, eu só queria me apaixonar, me jogar, me sentir de todos os tamanhos ao mesmo tempo. Eu estou cansada de procuras inúteis, de jogos injustos, de corações partidos. Tenho fé no Amor, mas momentaneamente sinto meu coração frio, sem qualquer indício de disritmia.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Só deixo meu coração na mão de quem pode.


Só deixo meu coração
Na mão de quem pode
Fazer da minha alma
Suporte
Pr'uma vida
Insinuante
Insinuante
Anti-tudo que não
Possa ser
Bossa-nova hardcore
Bossa-nova nota dez
Quero dizer
Eu tô pra tudo nesse mundo
Então só vou
Deixar meu coração
A alma do meu corpo
Na mão de quem
Pode
Na mão de quem
Pode
E absorve
Todo céu
Qualquer inferno
Inspiração
De mutação
Da vagabunda intenção
De se jogar
Na dança absoluta
Da matança
Do que é tédio
Conformismo
Aceitação
Do fico aqui
Vou te levando
Nessa dança
Submundo pode tudo
Do amor
Porque não quero teu ciúme que é o cúmulo
Ciúme é acúmulo de dúvida, incerteza
De si mesmo
Projetado
Assim jogado
Como lama anti-erótica
Na cara do desejo mais
Intenso de ficar com a pessoa
E eu não tô à toa
Eu sou muito boa
Eu sou muito boa pra vida
Eu sou a vida
Oferecida
Como dança e não
Quero te dar gelo
Jealous guy
Vê se aprende
Se desprende
Vem pra mim
Que sou esfinge do amor
Te sussurrando
Decifra-me
Só deixo minha alma
Só deixo o coração
Só deixo minha alma
Na mão de quem pode
Só deixo minha alma
Só deixo meu coração
Na mão de quem ama solto
Eu vou dizendo
Que só deixo minha alma
Só deixo meu coracão
Na mão de quem pode
Fazer dele erótico suporte
Pra tudo que é ótimo fator vital.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ação indecorosa que se pratica por hábito;

Você foi um vício que eu comecei a tragar sem ver, que eu pus fim sem culpa, que fiz e desfiz sem traçar qualquer pontilhado, sem ter dó dos recortes ao longo do tudo. Não sendo necessariamente um erro, você também foi uma salvação, um meio pêndulo que me manteve contra a lei de qualquer tração, acreditando em alguma atração, me segurando para evitar a queda livre.
O problema é que eu só sei viver em queda livre. O problema é que eu só sei continuar quando me apetece. O problema é muito mais meu do que de todo o universo. Aprendi a arte do egoísmo. Foi instinto.
Não me ponho insensível e sim insuficiente. Muito mais digno abandonar o barco antes das ofensas começarem, antes de um de nós perceber que nossas cabeças já não se perdem mais uma pela outra. Ou a minha cabeça é que já não se perde mais pela sua. Ou sou eu mesma que já não me perco mais por você.
Para o que sempre fomos, desejo continuidade, mesmo que nos percamos um do outro, mesmo que haja resquícios. Estes, que tenham um fim rápido e indolor.
Nada muda e eu me volto pra qualquer coisa nova que não vá me doer.
Você foi.